A Nicarágua expulsou o embaixador brasileiro do país e o presidente Lula decidiu adotar o princípio da reciprocidade diplomática
Após o governo de Daniel Ortega expulsar o embaixador brasileiro Breno de Souza da Costa da Nicarágua, o presidente Lula (PT) decidiu, por reciprocidade diplomática, pela expulsão da embaixadoa nicaraguense em Brasília, Fulvia Patricia Castro Matu.
Na manhã desta quinta-feira (8), o chanceler Mauro Vieira se reuniu com Lula para discutir a resposta brasileira à medida tomada por Ortega. Duas fontes do governo confirmaram a Jamil Chade, do UOL, que a expulsão de Breno de Souza Costa estava em processo de ser oficializada, o que levaria à expulsão da embaixadora da Nicarágua do Brasil.
A decisão de Ortega faz parte de uma estratégia para minar qualquer tentativa do governo Lula de mediar o diálogo entre o regime sandinista e a oposição nicaraguense. Oficialmente, a crise está sendo atribuída a um desentendimento relacionado à prisão do bispo católico Rolando José Álvarez, preso pelo governo nicaraguense. No entanto, fontes internas afirmam que a questão vai além do caso do bispo, envolvendo um esforço mais amplo dos sandinistas para congelar as relações com o Brasil.
O Brasil tem sido visto como um potencial mediador internacional na Nicarágua, o que aparentemente é visto como uma ameaça pelo governo Ortega. Esse temor é amplificado pela postura do governo brasileiro em relação à recente crise na Venezuela, onde Lula oferece resistência para reconhecer a reeleição do presidente Nicolás Maduro. Para Ortega, a presença brasileira até as eleições de 2026 poderia fortalecer a posição do Itamaraty como um garantidor do processo eleitoral nicaraguense, algo que o líder sandinista deseja evitar sem garantias de apoio incondicional.