Recentemente, a Associação Americana de Estatística, em colaboração com a Universidade George Mason, divulgou o relatório “Os Dados do País em Risco”. O estudo analisou a situação das 13 principais agências estatísticas dos EUA e expressou preocupação com a queda na taxa de respostas em pesquisas e com os cortes orçamentários enfrentados pelas agências públicas federais de estatística.
O risco à confiança nos dados oficiais dos Estados Unidos decorre do subfinanciamento da modernização da infraestrutura estatística. A proliferação de mentiras e ataques aos dados oficiais, especialmente por parte da extrema direita, fortalece as bases antidemocráticas.
As estatísticas oficiais são um bem público crucial para a democracia. Elas são produzidas por instituições centrais e fornecem informações essenciais sobre a realidade da população e sobre as estruturas econômica, social, política, geográfica e ambiental da nação.
Desde o Iluminismo, as políticas públicas são fundamentadas em evidências estatísticas. Nesse contexto, o Congresso dos EUA aprovou duas importantes legislações: a primeira, em 2018, focou na elaboração de políticas baseadas em evidências, e a segunda, em 2022, visou modernizar a coleta, disseminação e utilização dos dados oficiais.
No Brasil, a situação não é diferente, podendo ser até mais grave devido ao histórico de descaso orçamentário, falta de concursos públicos e o rebaixamento real das remunerações dos servidores públicos. Apenas a partir de 2023 é que o orçamento, concursos e remunerações começaram a ser reestruturados.
No entanto, a disseminação de notícias falsas, os ataques às instituições de pesquisa e as distorções sobre os dados oficiais, perpetrados por defensores do autoritarismo e adversários da democracia, permanecem inabaláveis.
A construção democrática do Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (SINGED) é um passo estratégico para fortalecer a soberania das informações brasileiras e atender às necessidades de uma sociedade moderna e cada vez mais digital, como a brasileira.