Atuação de Pablo Marçal mira disputa de votos bolsonaristas com Nunes e desfavorece estratégia de Boulos de atrelar radicalismo ao prefeito
São Paulo – Boné com slogan de campanha, enxurrada de vídeos em redes sociais e até simulação de “exorcismo” utilizando uma carteira de trabalho são vistas como estratégias do candidato Pablo Marçal (PRTB) para provocar o caos, manipular situações e confundir seus adversários na disputa à Prefeitura da capital.
Marçal, inclusive, já minimizou a participação de Bolsonaro na campanha de Nunes e declarou que o ex-presidente foi obrigado a “engolir” o prefeito para manter apoios políticos — a aliança com o prefeito foi costurada por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, mas Bolsonaro fez questão de indicar o vice na chapa do emedebista.
Uma das estratégias de Marçal, ainda segundo Fratini, tem sido a de desacreditar situações e, ao invés de debatê-las, levantar novos problemas e informações para forçar outros candidatos a gastarem muito mais tempo se defendendo do que expondo projetos ou atacando.
“Ele distorce uma situação que tem preceitos reais para diminuir o oponente, por isso, causa essa confusão. A pessoa passa o tempo todo se defendendo ao invés de contar o que realmente aconteceu. Ele é um grande manipulador, por isso gera esse caos”, disse.
“A falta de carisma do próprio Nunes faz com que ele não seja o centro das campanhas. O Nunes precisaria adotar a estratégia de que ele é o centro, mas não me parece que esteja indo nesta direção”, declarou.
Efeito Marçal sobre Boulos
Entre marqueteiros que estão trabalhando nas campanhas, a avaliação é que, ao voltar a carga a Boulos, Marçal rivaliza com todos os demais candidatos na disputa pelo eleitorado que já tem resistência ao candidato do PSol.
Um desses profissionais, ouvido pelo Metrópoles, disse acreditar que Marçal acaba tomando votos de um eleitorado que poderia ir para Nunes e, em menor escala, até de quem votaria no apresentador José Luiz Datena (PSDB), que está posicionado na disputa como nome de centro.
Ainda segundo os marqueteiros, mesmo essas escorregadas de Boulos têm certa limitações, porque parte do eleitorado pode avaliar, também, que Boulos fez certo em reagir a provocações de um candidato agressivo.
“Isso o afeta, porque Boulos passou a ser e ter algum tipo de moderação mais recentemente para pleitear essa candidatura dele, embora seu histórico [de militância] seja todo diferente”, disse.
Já Holzhacker acrescenta que a imagem caótica de Marçal contribui para apresentar um perfil moderado de Nunes, enfraquecendo as tentativas de Boulos de atribuir ao prefeito a imagem de bolsonarista radical.
“Boulos fica com uma posição mais desfavorável na sua estratégia de associar o Nunes ao bolsonarismo, mesmo que Nunes seja o candidato do Bolsonaro”, concluiu.