Reflexões sobre escolhas políticas e a influência da mídia e redes sociais no cenário eleitoral de 2024
Por – Ataíde Santos
Ao observar as pesquisas para a prefeitura de São Paulo, fico me perguntando o que passa pela cabeça do eleitor brasileiro. Quem realmente é o eleitor nacional em relação ao seu país, sua cidade, sua comunidade e até mesmo à sua própria vida?
Como é possível que uma figura como Jair Bolsonaro, apesar de toda sua trajetória, desde os tempos no exército e suas polêmicas no parlamento, ainda mantenha a força política que possui? E, mais surpreendente, como ele consegue eleger seus familiares e aliados?
Com a aproximação das eleições municipais de 2024, vejo com espanto que Pablo Marçal está em terceiro lugar nas intenções de voto em São Paulo. Quem é essa pessoa cercada de acusações, que vão desde mentiras e fantasias até envolvimento em roubos a bancos? Mesmo assim, ele tem uma legião de seguidores nas redes sociais, onde se esquiva das perguntas feitas por seus adversários nos debates. Quando questionado sobre determinados temas, simplesmente diz que responderá nas redes sociais e usa o tempo para atacar os outros debatedores de forma incivilizada. Mais uma vez, pergunto-me: o que quer e o que pensa uma parte expressiva do eleitorado paulistano?
Mas a situação não se limita a São Paulo. Outro exemplo é o candidato que lidera as intenções de voto para a prefeitura de Porto Alegre, mesmo após ter sido amplamente acusado de ser o principal responsável por uma tragédia na capital gaúcha.
Tudo isso me faz lembrar de uma conversa que tive anos atrás com uma senhora em uma farmácia em Samambaia, região administrativa do Distrito Federal. Como era época de eleições, o assunto era a disputa que se aproximava:
— E a senhora, pretende votar em quem para governador? — perguntei, lembrando que o voto é secreto e que ela só deveria responder se quisesse. Sem hesitar, ela respondeu:
— No (José Roberto) Arruda.
— Mas ele perdeu o mandato e foi preso quando estava no comando do Distrito Federal.
Ela respondeu: — Rouba, mas faz.
Ainda surpreso, mas respeitando sua opinião, perguntei: — E para senador? E ela: (José Antônio) Reguffe. — Por quê? — E ela, já entusiasmada com a conversa, disparou: — Porque é honesto.
Sem mais perguntas a fazer, pedi ao balconista que incluísse um calmante forte nas minhas compras (pois a conversa me deixou precisando) e segui para meu refúgio, onde sempre me lembro dessa conversa e sinto pena do eleitor, tão carente de uma visão além da mídia e das redes sociais. Será que é tão difícil pensar?
O resultado disso tudo está à vista.