Ascensão de figuras controversas e o desafio da democracia brasileira nas próximas eleições.
Por Ataíde Santos
Durante a espera em uma fila de votação, ouvi de um eleitor algo surpreendente: ele votaria em determinado candidato por ser rico e, portanto, “não precisar roubar”. O detalhe que torna essa declaração ainda mais alarmante é que o eleitor não era uma pessoa leiga, mas um advogado com carteira da OAB. Essa percepção, ao que parece, foi compartilhada por muitos, já que o candidato foi eleito com ampla vantagem.
O Brasil já testemunhou, em tempos recentes, o surgimento de figuras que prometeram uma renovação política, mas acabaram protagonizando grandes escândalos. Um dos casos mais marcantes foi o de Fernando Collor de Mello, que ganhou notoriedade como “caçador de marajás” e foi eleito presidente com facilidade. Seu governo, no entanto, culminou no confisco da poupança e em uma grave crise econômica, resultando até mesmo em suicídios de cidadãos que perderam suas economias. O impeachment de Collor foi a solução encontrada, mas não sem deixar profundas cicatrizes no país.
Décadas depois, o Brasil assistiu à ascensão de um capitão do Exército que prometia erradicar comunistas e combater a corrupção. Eleito com apoio massivo de eleitores, seu mandato foi marcado por tentativas de minar as instituições democráticas e perpetuar-se no poder. A retórica agressiva e a manipulação das redes sociais foram suas principais armas, mas ao final, foi derrotado nas urnas por aquele que, ironicamente, havia chamado de “ladrão-mor”, posteriormente inocentado.
Agora, às vésperas de uma eleição municipal crucial, um novo nome ganha força. Vindo de Goiânia, um candidato a prefeito de São Paulo, conhecido por suas palestras motivacionais e uma série de processos judiciais, desponta como uma das três principais opções para a maior cidade do país. Acusado de envolvimento com o crime organizado e outras irregularidades, ele constrói sua campanha com base na manipulação de fatos e no uso habilidoso das redes sociais, angariando cada vez mais seguidores.
A pergunta que fica é: será que o eleitor brasileiro é ingênuo ou falta-lhe discernimento? E a esquerda, que parece adormecida, percebe o perigo que se aproxima para 2026? Se essa nova figura, um “coach” que se especializou em ludibriar seu público, se eleger, o que nos espera para o futuro do Brasil?
Em um país onde o discurso de “eu vou lhe assaltar” é visto por alguns como sinceridade, é preciso questionar: até quando permitiremos que aventureiros, com promessas vazias e intenções duvidosas, tomem as rédeas da nossa política? O Brasil é grande demais para ser deixado nas mãos de quem manipula as massas com mentiras e truques digitais. Se a vigilância não for reforçada agora, o preço a ser pago poderá ser ainda maior em 2026.
O perigo está à porta. E desta vez, não haverá Chapolin Colorado para nos salvar.