Rodoviários decidiram dar trégua, até 18 de novembro, para viabilizar negociações. Porém, se não houver consenso, nova greve pode ocorrer
Os ônibus voltaram a rodar na capital, mas a ameaça de greve ainda assombra os moradores do Distrito Federal. Após audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10), a categoria decidiu, em assembleia, suspender o movimento grevista e retomar as negociações. Oficialmente, porém, a trégua está prevista para durar apenas até o dia 18 de novembro. Se não houver acordo com as empresas, os rodoviários podem voltar a cruzar os braços a partir de 19 de novembro.
Ao fim da audiência de conciliação, foram estabelecidos sete pontos de negociação. Em sinal de pacificação, a Procuradoria-Geral do DF (PGDF) suspendeu a ação judicial que estabelecia multa de R$ 10 mil para cada hora da greve deflagrada nessa segunda.
Veja os sete pontos da negociação:
I – O Distrito Federal desista do presente dissídio coletivo de greve, restando prejudicada a decisão do Presidente, assim revogada sem qualquer efeito;
III – Não havendo consenso, o patronato, desde logo, aquiesce com o ajuizamento de dissídio coletivo de caráter normativo, pelo sindicato obreiro, para os fins do “comum acordo” descrito pelo art. 114, § 2º, da Constituição Federal, sem prejuízo ainda de optar pelo retorno ao movimento grevista, observados os parâmetros que seriam mediados pelo Ministério Público a obreiros e a patrões;
IV – A empresa Auto Viação Marechal Ltda. se compromete a realizar os pagamentos até quarta-feira, dia 8/11/2023, com as liberações das ordens bancárias salariais até amanhã, dia 7/11/2023;
V – Em contrapartida, o movimento paredista deve ser suspenso com retorno paulatino dos rodoviários a partir das 19h de hoje, pelo menos, e integral a partir da zero hora de amanhã;
VII – A questão do dia parado será objeto de negociação mediada pelo Ministério Público do Trabalho.
Assembleia dos rodoviários
A maior parte dos rodoviários decidiu suspender a greve da categoria. Em assembleia no início da noite, os profissionais de quatro das cinco empresas em operação na capital do país acolheram a proposta de retorno ao trabalho, para retomada da negociação por melhorias salariais com as empresas de ônibus.
Antes da votação na assembleia, representantes do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal (Sittrater-DF) participaram de uma audiência de conciliação com integrantes das empresas e do Governo do Distrito Federal (GDF).
O sindicato informou aos trabalhadores que o GDF comunicou não ter condições orçamentárias de arcar com o aumento salarial de 8% requerido pela categoria.
Na semana passada, as empresas de ônibus apresentaram proposta de reajuste de 5,33% na remuneração dos trabalhadores, bem como nos planos de saúde e odontológico, além de aumento de 8% no vale-alimentação e de 10% na cesta básica. Contudo, a categoria rejeitou.
Na audiência de conciliação, o presidente da Corte, desembargador Alexandre Nery de Oliveira, criticou a forma como a greve ocorreu. “Paralisou a cidade inteira”, declarou. O magistrado afirmou que “greve irresponsável e abusiva não vai ser tolerada”.
Dois lados
Os representantes do Sindicato dos Rodoviários afirmam que não foram levianos e que a greve seguiu uma decisão da categoria em assembleia. A entidade ainda alegou ter encaminhado às empresas ofício no qual comunicou a greve e solicitou negociação e informações para a manutenção do percentual mínimo de coletivos na greve. Diante da ausência de respostas por parte dos empresários, não houve registro de ônibus circulando na segunda-feira (6/11).
Em contrapartida, as empresas argumentam que a mesa de negociação estava aberta. Algumas, inclusive, questionaram o fato de a greve ter sido deflagrada mesmo com a decisão judicial determinando a suspensão do movimento paredista. Os oficiais de Justiça teriam enfrentado dificuldades para entregar a intimação. Representantes patronais também destacam que a proposta de reajuste chega a 80% de recomposição da inflação de ganho real, e ressaltam que o setor ainda enfrenta uma grave crise financeira.