Professor da Uerj, João Cezar de Castro Rocha propôs, em entrevista à TV 247 nesta sexta-feira (21), desmonetizar todas as redes sociais dos políticos brasileiros. Para ele, a extrema direita tem usado a política como palco para adquirir visibilidade, em um modelo de negócio rentável. “A extrema direita trouxe para a área da política todas as estratégias da economia digital. Inclusive, a extrema direita não é compreensível se não entendermos que a retórica do ódio é um modelo de negócio e que a radicalização política é uma forma de monetização, no varejo, com todos esses empreendedores ideológicos bolsonaristas. Então a extrema direita consegue, com um ruído, produzir uma visibilidade nas redes sociais que dá a aparência de que ela é muito mais forte do que de fato é”.
“A extrema direita só existe se adquirir visibilidade. Para adquirir visibilidade, a extrema direita o tempo todo testa limites”, explicou.
O “paradoxo” desta situação, disse o professor, se encontra no fato de que “não é possível atuar o tempo todo testando limites sem cometer crimes”. “Há dois dias, os deputados ‘tiktokeiros’ e as deputadas ‘youtubers’ invadiram uma reunião de líderes no Congresso. E há uma cena que é chocante: todos caminham como se fossem pequenos robôs de Bolsonaro com o celular na mão filmando, eles não conversam entre si, não há um diálogo. Todos caminham sozinho, todos filmando, para criar tumulto que permite visualização nas redes sociais. É crime, é quebra de decoro. Quando o deputado ‘tiktokeiro’ colocou aquela peruca e fez o discurso que fez, é crime”, exemplificou. “Então a extrema direita não vai parar, porque isso é um modelo de negócio. Para isto, para manter a visibilidade, a extrema direita testa limites 24 horas por dia, sete dias por semana. Não é possível fazê-lo sem cometer crimes”.
Para combater esta prática, Castro Rocha sugeriu desmonetizar políticos no campo digital e falou sobre a necessidade de punir aqueles que cometem crimes. “Está faltando que a Justiça brasileira, que o Legislativo deixem de lado qualquer espécie de prurido em relação à imunidade parlamentar. Imunidade não é impunidade para cometer crime. Essa impunidade nessa interpretação falsa da imunidade parlamentar levou o Bolsonaro à Presidência depois de uma série de crimes que ele cometeu no Parlamento. Então a forma mais eficiente de conter o impulso da extrema direita: 1) desmonetizar as redes dos políticos; 2) cometeu crime, não pode haver impunidade”.