Em entrevista ao 247, o delator denunciou ilegalidades da Operação Lava Jato cometidas quando Sergio Moro julgava os processos em Curitiba
O delator Tony Garcia afirmou nesta sexta-feira (2), no programa Boa Noite 247, que desembargadores do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4-RS) foram chantageados depois de participar de uma ‘festa da cueca’ com garotas de programa em Curitiba (PR), na época da Operação Lava Jato. No TRF4 são julgadas ações da segunda instância.
“Teve até uma festa que chamaram de festa da cueca, feita com desembargadores em Curitiba, na suíte presidencial. Teve essa festa da cueca, tinha um monte de desembargador, mandaram prostitutas pro hotel”, disse Garcia ao jornalista do 247 Joaquim de Carvalho.
O delator já havia dito que, a mando de Moro, gravou de forma ilegal o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) em 2018. Garcia afirmou que Moro transformou “Curitiba na Guantánamo brasileira”. Disse que o senador chantageou a rede Walmart.
“Jamais tinha passado por uma coisa tão fora da lei. Queriam criminalizar a política. Falavam que políticos eram bandidos. Criminaliza políticos, tribunais superiores, jornalistas e advogados. Deltan, Carlos Fernando, Moro. O que eles botavam na minha boca… para buscar coisas contra o PT, para tirar o Lula da eleição”, continuou.
Moro já havia sofrido uma de suas maiores derrotas judiciais em 2021, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a suspeição dele nos processos contra o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2022, o ex-juiz foi derrotado no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por fraude em domicílio eleitoral. Por consequência, teve de ser candidato pelo estado do Paraná.
Em 2023, Dallagnol teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque, em 2022, quando resolver ser candidato, ele ainda tinha reclamações analisadas no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Em outra derrota para o ex-procurador, o Supremo Tribunal Federal determinou que ele indenize Lula em R$ 75 mil por causa da apresentação do Power Point em 2016.
A partir de 2019 começaram a ser divulgados na imprensa trechos de conversas entre Moro e procuradores do Ministério Público Federal (MPF-PR). De acordo com os diálogos, o ex-juiz interferia na elaboração de denúncias, que devem ser feitas apenas por promotores.