A pergunta que deve ser feita é: por que o jornal da burguesia brasileira publicou uma mentira para ajudar o palhaço fascista da Argentina?
Ao longo do dia, o caso foi ganhando corpo nas redes sociais e o governo Lula adotou uma novidade no relacionamento com a imprensa mentirosa e frequentemente golpista. Abriu a era do ‘mentiu, levou’. Por meio do assessor, a reportagem foi desmentida por um canal oficial do governo federal, quando já havia sido desmentida também pela própria Simone Tebet, citada no texto de Vera Rosa.
Em seguida, num ato de intimidação, a editora-executiva do jornal, Andreza Matais, partiu para a baixaria, ao divulgar o salário de George Marques, de cerca de R$ 10 mil mensais, como assessor da Secretaria de Comunicação. Um salário, diga-se de passagem, que é plenamente compatível com as suas funções e pode ser consultado publicamente. Tal iniciativa provocou revolta entre jornalistas e, aparentemente, Andreza Matais fechou sua conta no X (antigo Twitter).
O episódio lamentável na história do jornal paulista revela duas coisas imediatas. A primeira, que a imprensa corporativa não consegue mais emplacar fake news contra Lula como antigamente, uma vez que há um ecossistema muito mais diverso e plural na comunicação brasileira. A segunda, que o governo federal deixou de lado a postura passiva do passado e passou a reagir imediatamente, com fatos, às mentiras que são disseminadas pela imprensa convencional e depois espalhadas pelos gabinetes de ódio da extrema-direita.
Mas há um terceiro aspecto não menos relevante. O que leva o jornal da tradicional burguesia brasileira a tentar interferir nas eleições argentinas, de modo a favorecer a candidatura fascista? Nunca é demais lembrar que, no Brasil, o Estadão até hoje é lembrado pelo editorial “Uma escolha muito difícil”, de 2018, em que igualou o professor universitário Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, ao neofascista Jair Bolsonaro. Isso indica que o fascismo, que foi a verdadeira escolha do Estadão cinco anos atrás, continua sendo visto como uma opção válida pelo jornal quatrocentão. Por que razão? Será que interessa ao imperialismo o estabelecimento de um enclave fascista na América do Sul para sabotar a integração regional e o avanço dos BRICS? O Estadão deve respostas à sociedade brasileira e também aos argentinos, que tentou manipular com uma mentira grotesca.