Plano de reestruturação do Ministério da Justiça segue sem aprovação pelo governo Lula e áreas importantes da pasta ficam sem servidores
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) entrou em seu décimo mês de funcionamento no governo Lula sem conseguir montar a estrutura desejada pelo ministro Flávio Dino quando ele assumiu, em 2 de janeiro deste ano.
Sem as vagas de servidores previstas no desenho inicial, a atual assessora especial Estela Aranha não pode comandar uma Secretaria Nacional Direitos Digitais, que até agora funciona apenas no papel.
Sem projetos
Outra área afetada é a Secretaria de Assuntos Legislativos, extinta no governo Bolsonaro, e que hoje funciona com sete servidores, de vagas herdadas de duas antigas diretorias que foram fundidas.
Também entram na lista de áreas prejudicadas, a Secretaria de Acesso à Justiça (SAU), comandada por Marivaldo Pereira, que deveria ganhar mais estrutura com adicional de funcionários, e a criação da Diretoria de Dignitários dentro da Polícia Federal (PF), que seria uma área específica para a segurança de autoridades que visitam o país.
Essas novas vagas para o Ministério da Justiça estão previstas em um plano de reestruturação que foi apresentado ao Ministério da Gestão e Inovação (MGI), comandado por Esther Dweck, em abril.
Número dois de Dino, o secretário executivo Ricardo Cappelli cuida pessoalmente dessa situação no MGI, cobrando pela tramitação do plano de reestruturação, que já estaria na fase final antes de seguir para a Casa Civil, comandada por Rui Costa.
A demora na aprovação do plano de reestruturação se soma a um cenário de incertezas quanto ao futuro do ministério. Flávio Dino é cotado como possível indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), e parte do PT quer dividir o ministério em dois, sendo uma pasta para a Justiça e outra só para a Segurança Pública.
Burocracia
Em entrevista ao programa Dia de Debate, do Metrópoles, na última quinta-feira (5/10), a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Samira Bueno, comentou essa falta de servidores em algumas áreas do ministério.
“Tem muitos quadros que ainda não foram preenchidos devido à dificuldade da burocracia do governo federal de levar gente e por conta que, no campo da segurança, boa parte dos servidores que entraram no Ministério da Justiça são policiais mobilizados. São policiais que ficam emprestados para o governo federal, mas ainda têm vínculo permanente com seus estados de origem. Isso também leva muito tempo do ponto de vista burocrático, até que seja possível mobilizar esse profissional e realocar no ministério”, explicou a pesquisadora.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública questionando o número total de servidores previstos no plano de reestruturação e de quais áreas, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
O MGI também foi questionado pela reportagem sobre a justificativa para o tempo de aprovação do plano de reestruturação, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.