Mulher coloca as mãos na cabeça e franze o cenho, como se estivesse estressada, em imagem de arquivo — Foto: David Garrison/Pexels
Acúmulo de cansaço do ano que passou, preocupações – com festas, presentes e dinheiro –, além da ansiedade com um novo ano que se inicia. Você já sentiu os efeitos do excesso de estresse em dezembro? Se a resposta for sim, saiba que não é o único e nem a única.
Segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente do International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), o estresse de fim de ano começa na segunda semana de novembro e costuma terminar apenas na primeira semana de janeiro. Estudos da ISMA mostram que a tensão em dezembro, se comparada aos outros meses do ano, aumenta em média 75%.
“O que causa o aumento de estresse é que existe uma sobrecarga adicional nessa época do ano, inclui trabalho, vida pessoal e família. Natal é mais propenso a tristeza, depressão e culpa. […] No Ano Novo a gente pode pensar mais em ansiedade”, diz.
Na pesquisa da International Stress Management Association no Brasil, feita em 2019, foram entrevistadas 678 pessoas com idade entre 25 e 55 anos. Veja as respostas sobre como se sentiam no fim de ano:
- 75% ficam mais irritadas 😡
- 70% mais ansiosas 😰
- 80% sentem a tensão no corpo 😬
- 38% têm problemas para dormir 👀
As mulheres são mais afetadas, segundo Ana Maria Rossi. De acordo com a psicóloga, há, em média, 82% de nível de estresse afetando as mulheres contra 75% relacionado aos homens.
“Mulheres são mais vulneráveis que os homens porque acumulam mais responsabilidades”, diz Ana Maria Rossi.
Sintomas da irritação de fim de ano
Pessoas que sofrem com o estresse do fim de ano têm problemas físicos, emocionais e comportamentais, segundo a psicóloga Ana Maria Rossi.
- Físicos: dores musculares, dor de cabeça, no pescoço, nos ombros, nas costas, nos maxilares, agravamento do bruxismo, aumento dos problemas de sono, problemas gastrointestinais
- Emocionais: ansiedade, depressão, aumento da tristeza e do sentimento de culpa
- Comportamentais: aumento da medicação, do consumo de bebidas alcóolicas e de comidas calóricas e gordurosas
Natal x Ano Novo
Em relação aos aspectos emocionais, o estresse de fim de ano pode desencadear diferentes sentimentos nas duas festas separadas por sete dias em dezembro: o Natal e o Ano Novo. Segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, o Natal, que é visto como uma celebração, uma comemoração e a reunião de familiares e amigos, pode despertar tristeza, depressão ou culpa.
“Quando a pessoa não tem mais amigos, quando familiares já não estão mais por aqui, ela tende a ficar mais deprimida. Se ela focar nas perdas pode ter mais problemas, se ruminar aquilo, pode ficar deprimida e aí já não é mais tristeza, é um patamar adiante”, diz a psicóloga.
Já em relação ao Ano Novo, há um sentimento maior de ansiedade por conta da definição de metas e realização de objetivos estabelecidos no último ano. “Se a pessoa não tiver auto estima elevada, infraestrutura emocional forte ela pode se sentir ansiosa e culpada também”, afirma Ana Maria Rossi.
É recomendado fazer metas para o próximo ano?
A especialista em estresse explica que, dependendo do perfil da pessoa, se ela planeja e nunca cumpre, não vale a pena. No entanto, Ana Maria Rossi dá algumas dicas para quem pretender organizar as metas:
- Objetivos realistas e tangíveis
- Monitorar o andamento das metas gradualmente
- Quantificar o processo
- Gratificar pelas conquistas de cada passo
Além disso, a psicóloga destaca que um mapa de visualização, com colagens de imagens e figuras fazendo referências às metas, é um ferramenta importante para guiar a trajetória até a conquista dos objetivos.
“É uma técnica importante e muito poderosa. É a mais poderosa para mudanças porque neurologicamente o nosso cérebro não diferencia o que é real e o que é imaginário imaginário. […] É possível fazer a pessoa focar no que ela quer. […] Essa técnica de visualização é fantástica”, diz.
Como evitar o estresse de fim de ano?
O importante é pensar em uma estratégia, explica a psicóloga Ana Maria Rossi. Confira algumas dicas:
- Realizar atividades prazerosas: exercício físico, trabalhos manuais
- Ensaiar ou planejar comportamentos que queira mudar
- Estabelecer limites para gastos
- Manter a atenção no presente e no que está acontecendo agora