Um grupo considerável de filiados abandonou o PSB do Distrito Federal para se juntar ao PSOL, agravando as divergências na liderança partidária.
Luiza Erundina (SP) e Glauber Braga (RJ), antigos dirigentes nacionais do PSB e agora representantes do PSOL, deram as boas-vindas a dois ex-dirigentes do PSB no DF: a pedagoga e professora Lara Gouveia e o sociólogo e professor Adriano Sandri, também membros da atual Executiva Regional do PSB DF e ex-gestores da Fundação João Mangabeira. Ambos deixaram o PSB de Brasília na semana passada e aderiram ao PSOL.
Embora fizessem parte dos setores de esquerda do PSB DF, que se opunham à direção atual, decidiram sair, aprofundando a crise que persiste no partido desde a ascensão do presidente atual, Rodrigo Dias.
Adriano Sandri e Lara Gouveia, novos membros do PSOL, têm uma longa trajetória no PSB, com quase trinta anos de filiação. Foram recebidos na Liderança do PSOL na Câmara dos Deputados, em Brasília, pela Deputada Fernanda Melchiona e outros dirigentes do PSOL DF, como o ex-presidente da sigla Toninho, a ex-deputada Maninha e diversas lideranças da base presentes no evento.
Os novos membros foram elogiados por seus anfitriões e receberam calorosamente o apoio da base do PSOL. Sandri e Gouveia entraram em conflito com alguns dirigentes do PSB no DF durante o período eleitoral de 2022, quando passaram a exigir transparência nos processos e maior participação das bases do partido. Posteriormente, foram afastados de qualquer participação e tomada de decisões no PSB no DF.
Sandri buscava uma maior participação das bases na distribuição do Fundo Eleitoral, além de transparência na prestação de contas. Enquanto isso, Lara Gouveia cobrava a mesma transparência no que se refere ao Fundo Partidário e aos recursos destinados às mulheres, função que exercia como Secretária Distrital de Mulheres do PSB DF.
Durante o ato de filiação, informações indicavam que dezenas de outros filiados pretendiam deixar o PSB no DF, unindo-se ao PSOL devido a essas divergências, especialmente com o presidente da sigla, Rodrigo Dias, acusado por esses militantes socialistas de não permitir qualquer forma de oposição.
Houve demandas durante a campanha eleitoral por uma Comissão Financeira eleita pela base partidária e por uma prestação de contas mais transparente, o que nunca foi realizado. Além disso, solicitações por esclarecimentos sobre repasses que não atendiam às demandas requeridas e a apresentação dos extratos das contas partidárias foram feitas, assim como esclarecimentos sobre doações de quase cinco milhões de reais feitas pelo ex-candidato a governador do PSB no DF, Rafael Parente, até então não apresentados às bases do partido como recursos destinados aos pré-candidatos em 2022.
Estas e outras divergências levaram o PSB a uma crise de identidade profunda, resultando em uma diminuição constante do partido no DF, com vários membros se desfiliando quase diariamente. Grupos mais à esquerda dentro do PSB DF tentam conter a crise, mas ela continua se aprofundando, na opinião de alguns militantes presentes no ato, os quais em breve devem deixar o partido e se filiar ao PSOL.