Psicóloga explica por que mulheres mais velhas com homens jovens ainda chocam, e o quanto o etarismo interfere na vida feminina
Na última semana, estreou no Amazon Prime o filme Uma Ideia de Você. Nele, a personagem de Anne Hathaway vive um romance com um homem bem mais jovem. Assim como na trama, na vida esse tipo de situação ainda causa estranhamento e muito julgamento direcionado à mulher. Ao mesmo tempo, ninguém se surpreende quando a situação é o oposto, ou seja, um homem mais velho com uma mulher mais nova.
De acordo com a psicóloga Roberta Paya, apesar de haver mais consciência sobre os direitos da mulher, ainda há muito a evoluir em relação à liberdade feminina de se apropriar de seu corpo e das várias possibilidades de explorar seu prazer para qualquer outro fim que não seja casar e ter filhos.
“Há uma longa e contínua jornada social, familiar e pessoal a percorrer. Imposições ou modelos fixados no poder, objetificação da mulher, questões de gênero, repressões, distribuição de papéis e outros aspectos reforçaram a crença da mulher como um ser servil e disponível. Se esta mulher sente se livre para viver seus desejos e escolhas, ela mais prontamente provocará incômodos”, explica.
A especialista ainda pontua que, muitas vezes, o julgamento sobre esse tipo de relacionamento parte não apenas do preconceito por si só, mas também do incômodo com a liberdade do outro — uma vez que muita gente tem dificuldade em se permitir.
“Se uma mulher mais velha deseja e se autoriza a viver uma relação que não tenha a ver com ter filhos, ter liberdade e prazeres, não depender financeiramente, ter realizações profissionais e, tudo isso, livre de culpa, ela provoca questionamentos internos ao seu redor”, afirma.
Etarismo e as mulheres
É fato que o etarismo não tem recorte de gênero em diversos aspectos, mas o fato é que em muitos outros o preconceito acerca da idade atinge muito mais as mulheres do que os homens.
“Se pensarmos em escalas, para a mulher a questão da idade pode pesar mais para relacionamentos, oportunidades de trabalho, liberdade de expressão, escolhas… Aí adentramos ao sexismo, machismo e modelo patriarcal”, elucida Roberta.