“A história nos mostra que na América Latina e no Caribe, onde há golpe de Estado estão os Estados Unidos. O perigo não passou”, diz o cientista político
Prensa Latina – O analista político Hugo Moldiz assegurou nesta quarta-feira (26), que “o golpe de Estado na Bolívia continua”, após a detenção do ex-chefe do Exército, general Juan José Zúñiga, e outros envolvidos na frustrada rebelião.
Moldiz afirmou em entrevista à Bolivia TV que os interessados em interromper o mandato do presidente constitucional, Luis Arce, agora pretendem impor a narrativa de um autogolpe, com base nas primeiras mensagens publicadas nas redes sociais.
Considerado um dos mais importantes analistas políticos bolivianos, Moldiz enfatizou a necessidade de investigar os tentáculos existentes por trás do militar que agora se encontra preso.
Ele mencionou como significativo que, em meio à ação golpista, Zúñiga expressou a decisão de libertar os executores do golpe de novembro de 2019, como Luis Fernando Camacho e Jeanine Áñez, a quem ele qualificou de “presos políticos”.
Moldiz considera que a investigação deve ser profunda e buscar os vínculos de Zúñiga com atores políticos internos e também no exterior.
“Sem acusar ninguém, a história nos mostra que na América Latina e no Caribe, onde há golpe de Estado, estão os Estados Unidos. O perigo não passou”, expressou o politólogo.
“O Estado Plurinacional da Bolívia promove uma política externa baseada nos princípios de igualdade, não ingerência e respeito à soberania, no marco das normas do direito internacional que regulam as relações diplomáticas”, expressa o comunicado publicado na última segunda-feira.
O Ministério das Relações Exteriores do Estado Plurinacional assegurou, sem fornecer mais detalhes, que, nessa linha, “rejeita qualquer tipo de ação que promova a ingerência em nosso país”.
Ele qualificou de “sinistros” esses planos voltados para um golpe brando ou um encurtamento do mandato governamental, ao alertar que, assim como no passado, a Bolívia enfrenta “enormes” ameaças externas e internas contra a integridade territorial e a soberania da pátria.
O presidente indicou que, por isso, é fundamental persistir no caminho soberano, anti-hegemônico e multipolar.
Ele destacou que é “importante trabalhar em uma doutrina de segurança e defesa que expresse o afastamento definitivo da velha doutrina de segurança nacional e dos objetivos da Doutrina Monroe, que se vive através do Comando Sul” com o objetivo de se apropriar dos recursos estratégicos bolivianos.
Arce insistiu que hoje novamente os setores antipatrióticos buscam convulsionar o país e, finalmente, fracionar o território e “nos confrontar entre nós”.
Ele também alertou em outro discurso pelo 72º aniversário do Colégio Militar de Aviação, em 31 de maio, que se pretende impor a inquietação mediante rumores, percepções falsas e táticas de potências imperiais, com as quais se tenta mostrar a Bolívia como um Estado “falido”.
“Sem disfarce algum, querem controlar o lítio, as terras raras, a água doce e outros recursos estratégicos (…)”, concluiu.
Ao que parece, todos esses alertas estão relacionados com a aventura empreendida por Zúñiga e as forças políticas ocultas por trás dele.