Tenente Coronel Zucco e Ricardo Salles, além de assessores, foram filmados entrando sem autorização em residências de trabalhadores em um assentamento da FNL
Vídeos divulgados nesta terça-feira (13) mostram o presidente e o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) e Ricardo Salles (PL-SP), respectivamente, entrando sem autorização em residências de trabalhadores em um assentamento da Frente Nacional de Luta (FNL), no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, no dia 29 de maio.
Nos vídeos, Salles aparece violando as moradias para fotografar o interior das residências com o telefone celular. As imagens mostram o deputado e um assessor puxando a lona para verificar o que está no local. Um dos auxiliares é visto ingressando em uma das moradias para fotografar objetos pessoais, até ser retirado por um militante da FNL.
Em um outro vídeo, o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), que também integra a CPI do MST, alerta o presidente da CPI que os parlamentares não podiam “invadir a residência dos trabalhadores”. Em resposta, Zucco diz que a “instrução processual” é de Ricardo Salles. “Isso não é uma residência”, diz Salles em seguida.
Conforme a coluna do jornalista Ricardo Noblat, do Metrópoles, os parlamentares alegam que “a entrada não autorizada teve como objetivo ‘coletar informações para a investigação’. Além de Salles, Zucco e Tatto, estavam presentes os deputados Rodolfo Nogueira (PL-MS), Capitão Alden (PL-BA), Caroline De Toni (PL-SC), Magda Molfatto (PL-GO) e Messias Donato (Republicanos-ES). A fazenda visitada pelos deputados é a de Santa Mônica e está ocupada pela Frente Nacional de Luta, que possui apenas semelhança com o MST em termos de operação”.
No dia seguinte ao fato, a deputada Sâmia Bomfim (Psol) informou que a área visitada pela CPI, na realidade, “foi invadida por uma mulher chamada Maria Nanci. Essa senhora acompanhou a diligência e foi acusada de assediar os acampados com o incentivo de Ricardo Salles. De acordo com a deputada do PSol, a mulher solicitou a reintegração de posse, mas o pedido foi negado por falta de documentação comprovando a posse”.
A CPI do MST vem sendo utilizada por parlamentares bolsonaristas e de oposição ligados ao agronegócio para criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e para tentar enfraquecer o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem uma de suas bases fincadas nos movimentos sociais.
Veja os vídeos.