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Médicos anti-lockdown lucravam com pacientes internados na UTI sem necessidade durante pandemia

UTI para tratar pacientes com Covid-19 (Foto: Diego Vara/Reuters)

Mensagens reveladas pela Operação Espelho mostram médicos admitindo que aumentavam ocupação das UTIs para lucrar: “tá dando um trabalho do cão pra deixar esses leitos ocupados”

Novas mensagens obtidas pelo portal The Intercept Brasil no âmbito de uma operação da Polícia Civil do Mato Grosso revelam a conduta de médicos que colocavam pacientes em UTIs na pandemia de Covid-19 sem necessidade e defendiam o fim do lockdown para lucrar com equipamentos e serviços de unidades de terapia intensiva.

A Operação Espelho, cuja segunda fase foi deflagrada em março deste ano, revelou a “formação de um suposto cartel para fraudar licitações, desviar dinheiro público e realizar pagamentos indevidos a servidores públicos”, diz a reportagem do Intercept.

Médicos e empresários buscavam aumentar a ocupação das UTIs no município de Alta Floresta, a 789 km de Cuiabá, para obter lucros. “Ta dando um trabalho do cão pra deixar esses leitos ocupados, precisa ver o rolo que eu faço todo dia aqui, mas tá rolando com 100% de ocupação”, escreveu o médico e empresário Renes Filho ao médico Gustavo Ivoglo, dono da L.B. Serviços Médicos, que prestava serviços no Hospital Regional de Alta Floresta, da rede de saúde do estado.

“Aceita paciente sem muito prognóstico, pois infelizmente a gente precisa ter uma ocupação maior”, compeltou.

O lockdown foi iniciado em Alta Floresta no dia 27 de março de 2021, devido a uma medida judicial. As mensagens mostram que os investigados eram contra a medida, pois isso dificultaria aumentar a ocupação dos leitos: “se o lockdown não acabar vai ser muito difícil manter a UTI cheia hein cara. Tá subindo uns pacientes lá que já já o pessoal vai questionar a gente do que esses pacientes estão fazendo lá [risadas]”, disse Renes.

A investigação bloqueou os bens dos seguintes envolvidos, por suspeita de enriquecimento ilícito: Marcelo Alécio da Costa, Rony de Abreu Munhoz, Luiz Gustavo Castilho Ivoglo, Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves Preza, Alberto Pires de Almeida, Osmar Gabriel Chemin, Renes Leão Silva Filho, Bruno Castro de Melo, Daoud Mohd Khamis Jaber Abdallah, Gabriel Naves Torres Borges e Catherine Roberta Castro da Silva Batista Morante. Outros nomes ainda estão sob investigação.

Em relação às empresas que aparecem na investigação, o Intercept cita: L.B. Serviços Médicos LTDA. (atualmente sob o nome de LGI Médicos LTDA), Intensive Care Serviços Médicos LTDA., Sugery MT, Bone Medicina Especializada, Curat Serviços Médicos Especializados LTDA., Samir Yoshio Matsumoto Bissi Eireli-ME e Medtrauma Centro Especializado em Ortopedia e Traumatologia LTDA.

Nenhuma pessoa foi presa até o momento, mas houve mandados de busca e apreensão. Os acusados acumularam patrimônios que atingem a casa dos R$ 33 milhões, como fazendas, apartamentos, terrenos, casas e carros de luxo (Porsche Cayman, Mercedes Benz GLC300 modelo 2019/2020, caminhonetes BMW, Hilux), entre outros.

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