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Esquerda guatemalteca surpreende e coloca candidato no segundo turno

Sandra Torres (UNE) e Bernardo Arévalo (Movimiento Semilla) Foto: REUTERS/Cristina Chiquin

Pela primeira vez desde o período da redemocratização (1985) na Guatemala, um partido de esquerda chega ao segundo turno nas eleições presidenciais

Com o 98% das urnas apuradas segundo o site do Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala, a candidata social liberal Sandra Torres do partido UNE (com 15.7% dos votos) e o candidato progressista Bernardo Arévalo (11.8% dos votos) do partido Movimento Semilla irão concorrer no segundo turno no dia 20 de agosto de 2023, pela cadeira presidencial.

A Unidad Nacional de la Esperanza – UNE se declara como um partido social-democrata, entretanto tem frequentemente ideologia questionada. Além de manter alianças com grandes empresários guatemaltecos, diversas pessoas ligadas ao partido estão envolvidas em casos de corrupção, o que inclui a própria Sandra Torres. Relações próximas com grupos do crime organizado, e seu financiamento direto, por parte de uma das maiores famílias da elite econômica guatemalteca – que financia partidos políticos de direita – também são fatos que põe em dúvida o alinhamento político da UNE.

Do outro lado, o Movimento Semilla foi formado, segundo o site oficial do partido, a partir das manifestações contra a corrupção no ano de 2015, mas registrado oficialmente como partido em 2018 com princípios sociais-democratas. Nas eleições de 2019 para o cargo de presidente tinha lançado a candidatura de Thelma Aldana (ex fiscal do Ministério Público e grande aliada da luta anticorrupção), porém foi impedida de participar por causa de perseguições políticas e atualmente se encontra no exílio.

Conheça mais os candidatos:

Sandra Torres (UNE) Foto: REUTERS/Cristina Chiquin/File Photo

Torres (UNE) é ex-primeira-dama do ex-presidente Álvaro Colom, quem governou o país de 2008 a 2011. A partir daí Torres se divorciou de Colom por afirmar estar interessada em concorrer pela presidência. Durante o caminho a candidata presidencial, se aproximou de setores conservadores e do crime organizado do país. Nas eleições de 2019 foi acusada por financiamento ilícito. É a terceira vez que Torres concorre nas eleições.

Bernardo Arévalo (Movimiento Semilla) Foto: REUTERS/Cristina Chiquin/File Photo

Arévalo (Movimento Semente) é filho do ex-presidente Juan José Arévalo, o primeiro presidente após a queda da ditadura do militar Jorge Ubico em 1945. Juan José Arévalo chamado de “o primeiro presidente da Revolução de 1944” realizou várias políticas sociais durante seu governo, como a criação do sistema público de Saúde, os direitos trabalhistas e aboliu por lei o trabalho forçado que a população indígena sofria. Bernardo Arévalo também é sociólogo, nascido e criado parte da sua vida em Uruguai, durante o exílio dos seus pais. Nas últimas pesquisas realizadas antes das eleições, Arévalo se encontrava na oitava posição. A sua campanha foi impulsionada majoritariamente através das redes sociais e atraiu a maioria da juventude do país, além da sua equipe ser formada por maioria jovem sem relação com a velha política guatemalteca.

Exclusão de candidaturas e perseguição

É importante ressaltar que o TSE do país proibiu numa decisão muito questionável, quatro candidaturas de quatro partidos políticos de participar nas eleições. Principalmente a candidatura da líder indígena, Thelma Cabrera do Movimiento por la Liberación de los Pueblos – MLP -, e a do empresário, Carlos Pineda do partido Prosperidad Ciudadana.

Além disso, vale mencionar que há vários juristas, ativistas, jornalistas e pessoas da sociedade civil, perseguidas judicialmente e outras no exílio por se posicionar contrárias às políticas de corrupção, impunidade e conservadorismo incrementadas a partir do ganho nas eleições passadas, do atual presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei.

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