O médico de família e comunidade da UBS 1 de Santa Maria, que acompanha as consultas por telemedicina, Diego Canuto, defende o método na rede pública: “É algo extremamente importante sendo ofertado à população, pois aumenta a resolutividade do nosso trabalho, qualificando a assistência, e a satisfação do paciente.” Para ele, a maior vantagem dos atendimentos via internet é a agilidade. “Em pouco tempo de telemedicina na UBS 1, os usuários já puderam ser atendidos por especialistas de grande procura como neuropediatras e psiquiatras”, explica.
As consultas em telemedicina abrangem as especialidades de psiquiatria, cardiologia, pneumologia, endocrinologia, reumatologia, neurologia pediátrica e neurologia clínica. Além das unidades da região Sul, o método tem sido realizado também em UBSs de São Sebastião, Guará e Lago Norte. Em maio de 2023, por exemplo, o Hospital da Região Leste, no Paranoá, em parceria com o Hospital da Criança de Brasília, passou a realizar mentorias por meio de chamadas de vídeo entre médicos intensivistas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica e os profissionais de plantão na emergência e no pronto-socorro, como reforço à assistência para crianças com doenças respiratórias.
Consulta mais próxima
Bruna Caroliny Evangelista, 27 anos, aprovou a consulta pelo computador. Após passar por atendimento cardiológico de emergência, a paciente voltou à UBS 1 de Santa Maria – sua unidade de referência – para continuar o tratamento, agora com a participação de médica especialista em cardiologia, de forma online. “Ela tirou todas as minhas dúvidas e o atendimento foi bem satisfatório”, avalia Bruna, que, ao final, saiu com ajuste medicamentoso e encaminhamento para exames complementares, sem precisar retornar ao hospital em que foi atendida inicialmente.
Quando a consulta ocorre, do outro lado estão profissionais do Hospital Albert Einstein, os especialistas focais. Por meio de uma plataforma, eles conseguem acessar o horário do atendimento, exames feitos pelo paciente do DF e outras informações importantes. Todas essas consultas são mediadas pelo médico da UBS, que fica ao lado do usuário.
O aposentado Pedro de Sousa foi um dos atendidos via internet. Acompanhado pelo médico da família da UBS 6 do Gama, Raphael Jinkings, o paciente teve pedido de novos exames e passará por consulta de retorno. “Fiquei bem à vontade para tirar as minhas dúvidas e a assistência foi ótima”, diz.
Dados da Coordenação da Atenção Primária à Saúde (Coaps/SES) indicam 13 consultas via telemedicina realizadas em apenas uma semana nas UBSs do Gama e de Santa Maria. A gerente da UBS 6 do Gama, Claudiane de Oliveira, declara que a atenção primária “consegue ampliar o acesso da assistência médica, permitindo abordar melhor a linha de cuidados de cada paciente”. Para ela, contudo, há ainda o desafio resultante da falta de atualização cadastral dos usuários atendidos. “Temos um grande problema com registros incorretos ou incompletos, principalmente do telefone. Muitos pacientes desta unidade que são elegíveis para a telemedicina, porém não conseguimos entrar em contato”, afirma.
Recentemente, a SES-DF iniciou a campanha RecadastraSUS-DF, com o intuito de manter os dados de pacientes da rede atualizados. A medida busca trazer melhorias na comunicação com os usuários e tornar mais efetiva a atuação do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso porque o contato é fundamental para o bom andamento de diferentes serviços, como agendamentos de consultas, exames e cirurgias. As UBSs já realizam o serviço em locais físicos, mas é possível fazer o autocadastro por este link ou ainda pelo Disque Saúde 160, na opção 5.
O que é telemedicina?
A telemedicina é o exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência (acompanhamento, diagnóstico, tratamento e vigilância epidemiológica); prevenção de doenças e lesões; promoção de saúde, educação e pesquisa em saúde.
Em janeiro deste ano, por meio da Lei nº 7.215/2023, o método de atendimento virtual foi autorizado na rede pública e privada de saúde. Em 2022, a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, já havia publicado portaria que regulamenta o serviço na SES-DF.
A assistência via telemedicina deve ser autorizada pelo paciente ou familiar responsável. O médico da rede tem autonomia na decisão de adotar ou não o método para os cuidados dos pacientes, cabendo a ele indicar a consulta presencial sempre que considere necessário.
Todos os profissionais que adotam o uso de tecnologias para atendimento de pacientes devem ser capacitados sobre temas de bioética, segurança digital e, principalmente, seguir a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que dispõe sobre o uso de dados pessoais nos meios digitais.
*Com informações da Secretaria de Saúde (SES-DF)