De golpista a ladrão de joias
Garoto esperto, Flávio Bolsonaro, o Zero 1, senador por obra e graça do pai, assim como Carlos, o Zero Dois, é vereador, Eduardo, o Zero 3, deputado federal, e Jair Renan, o Zero 4, aspirante a vereador. Depois de muito pensar, Flávio concluiu:
A fala foi a propósito da condenação a penas de até 17 anos de cadeia dos três primeiros golpistas do 8 de janeiro julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Como bom filho, defendeu o pai:
Garoto esperto, mas menos inteligente do que aparenta. Finge ignorar que o pai quis dar o golpe em 7 de setembro de 2021, com o apoio dos comandantes militares da época. Só não deu porque o Supremo Tribunal Federal ameaçou armar um salceiro.
Flãvio finge ignorar que, depois de derrotado no ano passado, o pai planejou dar o golpe em algum momento de dezembro, antes da diplomação e posse de Lula. O golpe foi abortado por pressão internacional e falta de unidade entre os militares.
Foi então que Bolsonaro, depois de surrupiar joias milionárias do governo, fugiu para os Estados Unidos. De lá, assistiu a tentativa fracassada do golpe de 8/1. Se ela tivesse dado certo, ele pretendia voltar ao poder nos braços do povo, quer dizer: do seu povo.
Quem tem prazo não tem pressa. O Supremo é senhor do tempo, para acertar ou errar. Por ora, Bolsonaro deve preocupar-se com a velocidade imprimida no processo sobre o roubo das joias. Pior do que passar à História como golpista será passar como ladrão.
Confrontado com as provas reunidas pela polícia, o ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro confessou ter participado da venda nos Estados Unidos de dois relógios de luxo subtraídos ao acervo da Presidência da República – um Patek Philippe e um Rolex.
A amigos, Mauro Cid, o filho, admitiu:
“O presidente estava preocupado com a vida financeira. Ele já havia sido condenado a pagar várias multas. […] A venda pode ter sido imoral? Pode. Mas a gente achava que não era ilegal”.
Os dois relógios e outras joias voaram com Mauro Cid a bordo do avião que em junho de 2022 levou Bolsonaro ao encontro do presidente Joe Biden. A sós com Biden, Bolsonaro pediu ajuda para se reeleger. A notícia vazou. A Casa Branca não desmentiu.