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Declínio de público de Bolsonaro e embate do Governo com Lira dão chance de ressurgimento de uma direita democrática

(Foto: Reprodução/Globo NEWS)

Bolsonaro nunca foi sólido e desmanchou no ar rarefeito de ódios e de pequenezas atrozes de Copacabana no último domingo, escreve Costa Pinto

Por Luís Costa Pinto – O saldo do comício da extrema-direita no Rio de Janeiro, no último 21 de abril, foi um sonoro fracasso de público. Estavam em Copacabana, na área reservada ao chiqueirinho dos bolsonaristas, escassas 33 mil pessoas (arredondando para cima os cálculos da USP). Tamanho vazio dá a dimensão do quão fatigadas e descrentes estão as hordas de brasileiros que até há poucos meses se deixavam tanger pelos discursos eivados de ódio, de preconceitos e de mentiras desse “Messias das Trevas” que é Jair Bolsonaro, e também de seus demoníacos profetas do caos liderados por bispos e pastores argentários como Silas Malafaia e o obreiro da Bancada da Bíblia Sóstenes Cavalcante. Não eram inocentes. Porém, foram úteis na construção de um bloco político que tomou o poder de assalto em 2018 das mãos dos golpistas incompetentes de 2016.

No curso de 7 anos incompletos – e 7 é número cabalístico bíblico – quase conseguem destruir o País. Agora, em evidente crise de empatia com a parcela da sociedade que fanatizaram e adoeceram, esses “patriarcas da barbárie” brasileira vivem seus outonos particulares. Graças a Deus, o velho já morreu. Às exéquias da velhacaria extremista de direita compareceram esparsos 32,7 mil fanáticos (olha o 7 aí, no número exato dos pesquisadores da USP!). O novo, contudo, não nasceu ainda no horizonte espectral da direita nacional.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, Romeu Zema, governador de Minas Gerais e o elemento apropriadamente designado “Ratinho Jr” não têm trajetória política nem tempo de voo para aspirarem a designação de líderes da direita democrática. Surgiram na cauda do Cometa do Diabo que é Bolsonaro, comeram a placenta do bolsonarismo e agora querem regurgita o que não são: personalidades do mundo democrático. São rejeitos asquerosos da extrema-direita. No caso do governador de São Paulo, há um agravante: ele se presta risonha e francamente ao papel de gerente de incubadora de serpentes ao tornar viável e naturalizar a violência absurda da Polícia Militar paulista e os métodos de exterminador do coronel e secretário Guilherme Derrite.

Tereza Cristina converteu-se de ruralista em política com rara eficácia e leveza. Enfrentou as falanges mais rudes do bolsonarismo com firmeza e tranquilidade – até mesmo uns malucos alocados em seu gabinete pelos militares que abriam a porta e do nada, soltavam o grito de guerra “selva!”. A senadora, porém, é inimiga das pautas ambientais e foi patronesse do desembarque no Brasil do maior arsenal de venenos e agrotóxicos que o mundo já viu. Em razão disso, é um nome pesado numa agenda contemporânea. Caiado, por fim, recebe de presente e como uma bênção a seu projeto político a aversão que Bolsonaro confessa ter a ele. A relação entre os dois nunca foi a mesma desde a pandemia de Covid-19, quando o governador goiano, médico, abraçou os cuidados de restrição de contato, as máscaras e a vacina.

Bolsonaro, que conta os dias para ser denunciado pelo Ministério Público por causa dos roubos que promoveu – jóias, relógios etc – e dos atentados à Democracia – culminando no 8/1/23 – é passado como atesta o público esquálido da última micareta fascista. A cadeira quente da liderança da direita vai trocar de dono nos próximos meses. Se for por alguém da direita democrática será melhor para todos, inclusive para o Governo: Lula pode se dedicar a espicaçar os erros e tragédias dos títeres da direita – Temer e Bolsonaro – quando passaram pelo poder. Não foram poucos e foram graves e devastadores para a sociedade. Bolsonaro nunca foi sólido e desmanchou no ar rarefeito de ódios e de pequenezas atrozes de Copacabana no último domingo.

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