Blog do Ataíde

Notícias de interesse social

 Vista aérea do grafite Veracidade, de Mauro Neri, na avenida Consolação, uma das principais de São Paulo. GUI CHRIST

O desinteresse na política pode ser um sintoma de uma crise de representatividade, em que os cidadãos se sentem cada vez mais distantes das instituições políticas e dos políticos eleitos. Nesse sentido, o desinteresse pode ser uma resposta à falta de confiança na política e à percepção de que as instituições políticas não representam os interesses da população.

Mas para ir além disso, tal desinteresse também pode ser entendido como um projeto político de certos grupos que se beneficiam da manutenção do status quo. Quando a população se desinteressa pela política, ela pode se tornar mais vulnerável à manipulação e ao controle por parte de grupos políticos e econômicos que buscam manter seus privilégios e poder.

Por exemplo, certos grupos econômicos podem se beneficiar do desinteresse da população pela política, já que isso pode permitir que eles atuem sem oposição para moldar as políticas públicas em seu próprio benefício e continuar no domínio do jogo político.

Existe também a crença de que a política é meramente a chamada política institucional ou Política com “p” maiúsculo, ou seja, o Presidente e seus ministros, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as eleições. Mas a política está em tudo que somos e fazemos, a vida em si é um ato político, a sobrevivência de muitas pessoas e populações é também política, as horas que pessoas levam para chegar ao seus trabalhos, os meios de transportes precários e lotados, locais de lazer que ficam longe, o cansaço físico e mental excessivo, a comida e o acesso limitado a ela, etc, todas essas questões são também políticas. E a realidade que a maioria das pessoas vive e observa é um projeto de política, criado, imposto e alimentado por um grupo muito pequeno da sociedade que possui muito poder económico. Esse grupo que na maioria das vezes sequer passa pelas eleições.

A socióloga Sabrina Fernandes, no livro Se quiser mudar o mundo (2020) afirma: “É conveniente para aqueles que ocupam a maioria das posições de poder na sociedade que as pessoas escolham se manter neutras diante de grandes questões políticas. A neutralidade diminui o atrito, diminui o conflito e torna o trabalho dos poderosos muito mais fácil para se protegerem diante daqueles que escolhem desafiar”.

Em última análise, a luta contra o desinteresse na política deve ser vista como uma luta pela justiça social, pela igualdade, pelo acesso à informação, por uma educação gratuita e de qualidade, e de forma geral, pela democracia

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