A superexposição da genialidade de Flávio Dino tem tornado o ministro cada vez mais popular. Nessa toada, Dino pode vir a se tornar um candidato imbatível
Por mais paradoxal que pareça, o ódio destilado pela extrema direita contra o ministro Flavio Dino pode esconder uma paixão enrustida. Os dois sentimentos se movem num mesmo campo do emocional e se contrapõem à indiferença.
No último dia 9 de maio, o ministro foi ouvido pela quarta vez numa comissão do Congresso Nacional. Na audiência, Dino enfrentou a fúria raivosa da linha de frente do bolsonarismo no Senado, Sergio Moro, Flavio Bolsonaro e Marcos do Val. Inteligente e irônico, o ministro foi para o embate e lacrou mais uma vez, diante das muitas provocações. Em resposta a Marcos do Val, Dino disparou, sorrindo: “Não precisa o senhor ir para porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet, porque se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?”.
Inconformado, Sergio Moro saiu em defesa do colega, criticando as ironias do ministro. Recebeu de volta a seguinte resposta: “Eu fui juiz e nunca fiz conluio com o Ministério Público. Eu nunca tive sentença anulada. Por ter sido um juiz honesto, um governador honesto é que eu não admito que ninguém venha dizer que eu tenha que ser preso”. O último a ir para à lona foi Flávio Bolsonaro, que recebeu um verdadeiro cruzado de esquerda de Dino: “O senador Flávio Bolsonaro falou sobre narcomilícia e é um tema que ele conhece muito de perto. Esse casamento entre milícia e narcotráfico. É claro que em relação aos CACs também aconteceu isso. Criminosos viraram CACs e CACs se associaram ao crime organizado”.
Minha hipótese é a de que a extrema-direita pretende manter viva a polarização com a esquerda preservando a estratégia do medo. Provocar, através das fake News, narrativas fantasiosas, como o marxismo cultural, fechamento de igrejas, sexualização infantil e tantos outros absurdos imaginados e disseminados por mentes perversas e seus estratagemas.
Nomes como os dos ministros Fernando Haddad e Geraldo Alckmin, que na percepção popular estão mais ao centro do tabuleiro político, dificilmente seriam rotulados como “comunistas”, portanto, não sofreriam esse desgaste de narrativas descoladas da realidade.
Ocorre que a superexposição da genialidade de Flávio Dino, tem tornado o ministro cada vez mais popular, nas redes e fora delas. Nessa toada, Dino pode vir a se tornar um candidato imbatível.