Presidente da Câmara tem intensificado participação em agenda de inaugurações de obras e de eventos políticos visando enfraquecer o senador Renan Calheiros, seu maior adversário
Visando as eleições de 2026 e desejando conquistar uma vaga no Senado, o deputado Arthur Lira (PP-AL), que atualmente lidera a Câmara dos Deputados, está em uma disputa acirrada com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu adversário político. Para garantir apoio de prefeitos em Alagoas, Lira tem contado com recursos liberados pelo governo em parceria com o Planalto. O embate entre os dois políticos tem sido marcado por uma intensa agenda de inaugurações de obras e eventos políticos no estado, onde Lira busca consolidar seus redutos e enfraquecer a influência de Renan.
As emendas parlamentares têm se mostrado um instrumento crucial para Lira conquistar o apoio dos prefeitos, o que é visto como um fator determinante para sua candidatura ao Senado. Nas eleições de 2022, o deputado foi o mais votado em 42 dos 102 municípios alagoanos, enquanto o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), eleito ao Senado, obteve a vitória em 84 municípios. Em 30 cidades, ambos foram os mais votados em seus respectivos cargos.
Entre terça-feira e sexta-feira, o presidente da Câmara realizou visitas a Arapiraca, a segunda maior cidade de Alagoas, onde inaugurou uma ciclovia e entregou tratores, em ações custeadas por emendas parlamentares. Lira foi acompanhado pelo atual prefeito, Luciano Barbosa (MDB), um ex-aliado de Renan que rompeu com o senador em 2020.
Outro ponto de interesse na estratégia de Lira é a família Beltrão, que possui influência no sul do estado e está dividida entre ele e Renan. O ex-prefeito Marcius Beltrão (PSB) pretende se desvincular do MDB para concorrer à prefeitura de Penedo. No início do ano, Lira confrontou o atual prefeito Ronaldo Lemos (MDB), aliado de Renan, em uma tentativa de retirar do município a sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) em Alagoas.
O plano de expansão para 2024 também inclui familiares, como o primo de Lira, Joãozinho Pereira, superintendente da Codevasf no estado, que deve concorrer à prefeitura de Junqueiro. A Codevasf, turbinada com recursos do orçamento secreto do governo Bolsonaro, tem sido usada por Joãozinho como palanque político para si e sua família.
Outros membros da família Pereira também estão envolvidos em projetos políticos, como Peu Pereira, primo de Joãozinho, que tentará a reeleição à prefeitura de Teotônio Vilela, com apoio de Lira, e Pauline Pereira, irmã de Joãozinho, que deve concorrer à prefeitura de Campo Alegre. Teófilo Pereira, outro primo de Lira e prefeito de Craíbas, recebeu a visita do presidente da Câmara no último fim de semana e creditou diversas obras a “emendas de Lira” em um vídeo.
Com o desejo de concorrer ao Senado já expresso para interlocutores, Lira busca seguir os passos de seu pai, Biu de Lira, que foi eleito em 2010 em uma disputa com a então senadora Heloísa Helena. A reportagem, porém, ressalta que “a aproximação entre Lira e o governo federal, que já acertou dar um ministério ao PP, esbarra na belicosidade com o MDB alagoano, aliado de primeira hora de Lula. O governador Paulo Dantas (MDB) e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB), foram alvo de operações da Polícia Federal (PF) na última campanha que associam a retaliações de Lira por terem se aliado aos Calheiros.Para barrar Lira, o MDB busca atrair prefeitos com a máquina estadual e planeja lançar os dois Renan, pai e filho, nas corridas ao Senado e ao governo, respectivamente”.