Começa a devassa na memória do celular perdido pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres
Está 12 quilos mais magro. Deprimido, não vê a hora de ir para casa no bairro do Jardim Botânico, em Brasília, onde agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), ontem, apreenderam 55 pássaros e multaram Torres em R$ 52,5 mil por prestar informação falsa.
Entre as espécies recolhidas, estão 45 bicudos, 3 canários-da-terra, 2 tiê-sangue, 4 curiós e 1 azulão. Em fevereiro último, Torres já havia sido multado em R$ 54 mil por conta de irregularidades. Na ocasião, o Ibama encontrou cerca de 60 aves silvestres. A defesa dele diz que as irregularidades estavam sendo “solucionadas”.
A Procuradoria-Geral da República deu parecer favorável ao pedido da defesa de Torres para que ele fique preso em casa mediante uso de tornozeleira eletrônica. Disposto a colaborar com a justiça, Torres entregou a senha do seu celular que diz ter perdido nos Estados Unidos, e também as dos seus e-mails.
Agentes da Polícia Federal que já começaram a acessar a memória do celular do ex-ministro contam que há registros ali de conversas dele com o senador Flávio Bolsonaro, o governador Ibaneis Rocha e outras autoridades da República. Parte da história conhecida do golpe fracassado de 8 de janeiro terá de ser reescrita.
O passo seguinte, que a defesa de Torres nega, será um novo depoimento dele para revelar o que ainda esconde. A isso dá-se o nome de delação premiada. A reputação de muita gente corre risco. O caso de Torres está com o ministro Alexandre de Moraes.